Sunday 1 July 2007

Fonógrafo - Jason Molina

“Let Me Go Let Me Go Let Me Go” by Jason Molina
(Secretly Canadian / 2006)

Ninguém canta como Jason Molina, e se as palavras que irão ser ditas em seguida podem trazer à memória outros, é porque à semelhança desses Molina é capaz de executar interpretações líricas de cariz incomparável onde a melancolia ou a angústia são sentimentos incapazes de pacificar, com a consciência de que a música e a vida são uma só. E Molina consegue interpretar isso na sua música como ninguém, imperturbável e concreto perante o alento que o leva a criar. Não existem por aqui tomos falsos, tudo é objectivo e centrado e por consequência o todo é um só indivisível: o seu autor. Já o álbum “Pyramid Electric Co.” era assim, “Let Me Go Let Me Go Let Me Go” também o é. Percorrem-se trilhos sonoros de uma paisagem Americana desolada, na companhia de uma guitarra e de uma reles caixinha de ritmos e fazem-se gravações caseiras de qualidade duvidosa (e aqui está-se a falar apenas da tecnologia utilizada) e o resultado é notoriamente sublime.
A morte anda por aqui, talvez ela esteja mais próxima quando não se tem ninguém por perto. E é certo que ela parece acompanhar Molina, não como um fantasma tenebroso, mas com um espectro de devoção criativa. Não se fica imune a estas canções, mesmo que se queira, pois Jason Molina é grande. Oiça-se tudo o que há para ouvir dele para além deste álbum imprescindível.

No comments: