Tuesday, 10 July 2007

Letras - William Burroughs

“Junky” by William Burroughs
(primeira edição: 1953 / Ace Books)

Reconhecido por se empenhar em destruir opiniões pré-estabelecidas em relação à arte da literatura, William Burroughs conseguiu criar um legado que provoca juízos díspares. Também as temáticas abordadas podem levar a que assim seja, no entanto toda a crítica parece ser consensual em afirmar que o autor deve ser lido pois a sua atitude acabou por influenciar uma geração de artistas tanto do meio literário como do cinema, música e pintura, o que o levou a ser um elemento chave para entender parte dos movimentos artísticos do século XX.
Não será em “Junky” (apresentado originalmente sobre o pseudónimo de William Lee), porém, que vamos encontrar a utilização da “técnica do corte” (usada em “Naked Lunch”) que tornou o formato da escrita de Burroughs perfeitamente reconhecível, mas sim os conteúdos da sua escrita, aqui plenamente definidos e conseguidos numa escrita narrativa simples: (tal como não podia deixar de ser) o autor pega na sua vida para elaborar a relação que o narrador da obra tem com o ópio de um jeito imaginário que só um grande escritor é capaz de conseguir: cru, descarnado – tal como reconhecemos que a sua escrita é - e genuinamente humano. É também a questões da sociedade que o livro não quer ser alheio, porém as leituras que podem ser feitas são várias (quer sejam elas as de que o autor tomou uma posição de crítica do universo abordado, quer não) no entanto à arte é-lhe indiferente que assim seja, pois acima disso temos aqui o que realmente interessa: um ícone da liberdade de expressão.

1 comment:

Paula said...

cresceste,gosto mais deste blog, acho mais sóbrio, mais desapaixonado (ou melhor, com uma paixão mais depurada, mais "sharp") vou gostar de ler estes textos, e continuarei a precisar de alimento cine-musical, o que tem ficado neste momento, um pouco para trás...adoro a foto, estás lindo! (a outra dava-te um ar pouco decente com a cara escondida na moita)abraços.